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Características principais

Título do livro
O LIVRO JUDAICO DOS PORQUÊS
Autor
ALFRED J. KOLATCH
Idioma
Português
Editora do livro
SEFER
É kit
Não
Capa do livro
Mole
Com índice
Não

Outras características

  • Altura: 20 cm

  • Largura: 14 cm

  • Peso: 790 g

  • Com páginas para colorir: Não

  • Com realidade aumentada: Não

  • Gênero do livro: Religião

  • Subgêneros do livro: Judaísmo

  • Tipo de narração: Conto

  • Idade mínima recomendada: 16 anos

  • Idade máxima recomendada: 100 anos

  • ISBN: 9788598824512

Descrição

Livro Judaico dos Porquês
Com mais de 3 milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo, este best-seller explora cerca de 500 questões básicas sobre o judaísmo, Em uma linguagem simples e direta, o rabino Alfred J. Kolatch explica em que os judeus acreditam, como eles observam as suas festividades, qual o significado dos seus costumes e cerimônias e quais as diferenças entre as correntes religiosas.

Ao abordar temas corriqueiros e tratar de assuntos delicados com a mesma clareza e competência, em linguagem acessível a jovens e adultos, tornou-se um livro que vem conquistando de maneira exemplar o intelecto e o coração de leitores judeus e não judeus ao redor de todo o mundo.

Entre as perguntas respondidas encontram-se:

Por que um filho de pai judeu não é necessariamente judeu?
Por que meninos são circuncidados?
Por que se quebra um copo na cerimônia de casamento?
Por que porco e camarão não são casher?
Por que os judeus comem guefilte fish no Shabat?
O Livro Judaico dos Porquês traz uma importante contribuição para desmistificar muitos dos mal-entendidos e conceitos errôneos que envolvem a observância judaica. Tanto judeus como não judeus acharão este livro esclarecedor.


"Ao longo dos anos, têm surgido diversos livros descrevendo a vida judaica ? suas leis, seus costumes e suas cerimônias. A maioria se dedica a uma exposição de regras de conduta, mas poucos, se é que algum deles, dedicam-se a explicar o porquê de certas leis, costumes e cerimônias.
O Livro Judaico dos Porquês não aconselha aos judeus como conduzir suas vidas. Ele não é um livro de Halachá ? de lei judaica. Este livro tem como único intuito explicar o raciocínio existente por trás dos costumes seguidos." - Alfred J. Kolatch

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2º Livro Judaico dos Porquês

O 2º Livro Judaico dos Porquês não é uma mera continuação, mas sim uma consequência. No Livro Judaico dos Porquês, o Rabino Kolatch havia abordado centenas de questões fundamentais sobre vários aspectos do judaísmo. Alguns destes temas são aqui retomados, ora explorados em maior profundidade, ora comentados de forma mais extensa ou, ainda, enriquecidos por informações totalmente novas. De um modo geral, porém, este volume trata de assuntos mais complexos, mais polêmicos e mais abrangentes.

Entre as perguntas aqui respondidas encontram-se:

Por que a lei judaica permite o aborto em determinadas circunstâncias?
Por que a lei judaica reconhece a sinceridade como única base aceitável para a conversão?
Por que algumas autoridades rabínicas não aprovam o uso pela mulher de dispositivos para controle de natalidade?
Por que a inseminação artificial é objeto de controvérsia entre as autoridades rabínicas?
Por que os especialistas em lei judaica condenam os transplantes de coração?
Por que a acusação de que os judeus mataram Jesus não tem fundamento histórico?


?A resposta entusiástica que a publicação do Livro Judaico dos Porquês recebeu foi algo inesperado e bastante encorajador. A obra respondia a cerca de 500 perguntas, mas também provocava novas dúvidas... O 2º Livro Judaico dos Porquês explora alguns daqueles temas com maior profundidade, oferecendo informações totalmente novas, e discute outros assuntos mais complexos, controvertidos e de maior alcance, inclusive os pontos de vista dos eruditos em lei judaica perante questões como aborto, conversão, controle de natalidade, inseminação artificial, transplantes de órgãos, tabagismo, proselitismo, casamentos mistos, detalhes referentes à observância do Shabat e as relações entre judeus e cristãos, indicando inclusive como a lei se desenvolveu e como a mente rabínica funciona.?

Alfred J. Kolatch

Veja algumas perguntas e respostas abaixo, na aba TRECHOS.

Trechos
Livro Judaico dos Porquês 1

Por que uma criança judia do sexo masculino é circuncidada?
A lei bíblica exige que todo filho de uma mulher judia seja circuncidado no oitavo dia após o seu nascimento.
A palavra hebraica para circuncisão é berit, que significa ?aliança?. Isto se refere à garantia dada por Deus a Abraão (Gênesis 17:2), na qual Ele prometeu abençoar Abraão e fazê-lo prosperar se, em troca, Abraão fosse leal a Deus (?Anda diante de Mim e sê perfeito?). Esta garantia foi introduzida e selada pelo ato da circuncisão, denominada em hebraico de ot berit, ?assinatura da aliança.? Gênesis 17:11 registra o acordo nestes termos: ?E circundareis a carne de vosso prepúcio, e será por sinal de aliança entre Mim e vós?. Esta seção do Gênesis termina com as seguintes palavras: ?E o varão incircunciso... essa alma será cortada do Meu povo; Minha aliança quebrou?.

Por que as letras bet, hê e também bet, áyin aparecem no alto de documentos hebreus e também em correspondências entre judeus?
Bet, hê é uma abreviatura de Baruch Hashem, ?bendito seja Deus?. Bet, áyin é a abreviatura de beezrat Hashem, ?com a ajuda de Deus?. Ambas as formas são empregadas por pessoas que estão constantemente conscientes da função de Deus no mundo.

Por que os judeus não praticam o proselitismo entre os não judeus?
Em princípio, os judeus não são avessos a receber convertidos espontâneos e desinteressados. De fato, o Talmud se refere a um convertido como ?uma criança recém-nascida? (Ievamot 48b).
Houve períodos na história judaica em que os judeus tentaram ativamente atrair convertidos para o judaísmo. Na Bíblia, Rute, a moabita, é recebida de braços abertos na comunidade judaica. Ela é, na verdade, reverenciada na história judaica com ancestral do Rei David, de quem o Messias descenderá. O sábio talmúdico Shimon ben Gamliel (século II e.c.) disse: ?Quando um prosélito em potencial demonstra interesse pelo judaísmo, estenda para ele uma mão de boas-vindas?. (Levítico Raba 2:9).
Não obstante, desde a época da rebelião de Bar Cochbá contra os romanos (135 e.c.) em diante, os judeus começaram a encarar os prosélitos com cautela, porque se deram conta de que grande parte do ódio e perseguição contra os judeus tinha sido iniciado por convertidos ao judaísmo, que espionavam e contavam para as autoridades.

Por que alguns judeus não usam a designação ?Novo Testamento??
Assim como ocorre com A.C. e D.C., descritos acima, alguns judeus acreditam que falar de um Novo Testamento seria dar crédito à ideia cristã de que o Novo Testamento é o cumprimento das promessas e ensinamentos da Bíblia Judaica. Na verdade, os judeus em geral se abstêm de usar o termo ?Antigo Testamento?, porque ele implica na existência de um Novo Testamento.

Por que alguns meses do calendário judaico têm vinte e nove dias e outros têm trinta?
O calendário judaico é lunar, isto é, baseado na duração da revolução sinódica ? que é o intervalo de tempo que separa duas faces idênticas e consecutivas da Lua, e corresponde a 29,53059 dias. Já que não é praticável um calendário com um dia começando na metade de outro dia, e como era necessário harmonizar os calendários lunar e solar, alguns meses do calendário judaico receberam vinte e nove dias e outros trinta. (Veja a Introdução Geral para uma discussão mais detalhada sobre o calendário.)

Por que algumas rezas no livro de orações aparecem em aramaico?
Ao longo de toda a história judaica, o hebraico foi considerado uma língua sagrada, o idioma das orações. Mas o aramaico foi, por vários séculos, a língua do dia a dia das massas. A maioria dos judeus dos primeiros séculos conhecia bem o aramaico mas pouco do hebraico. Por isto, algumas orações comuns, tais como o Cadish, eram recitadas em aramaico. O Cadish era recitado originalmente no término de um sermão e, mais tarde, ao encerrar-se uma sessão de estudo. Como o sermão era pronunciado em aramaico, o Cadish era recitado na mesma língua.

Por que o lar judaico deve ser completamente limpo antes da festa de Pêssach?
Encontrar chamêts numa casa depois de começada a festa de Pêssach é considerada uma séria violação da lei judaica. Desde os tempos bíblicos em diante, a lei tem exigido que cada pedaço de pão levedado e todos os materiais e produtos associados a ele (ou seja, chamêts), sejam retirados da casa antes de Pêssach, para que não sejam vistos durante a festividade.

Por que as mulheres ultraortodoxas usam vestidos com mangas compridas?
Tseniut, recato, é um princípio básico que rege a vida dos judeus observantes. Os ultraortodoxos acreditam que as mulheres devem estar cobertas com roupa o máximo possível; portanto, eles exigem o uso de mangas compridas e algo que cubra a cabeça. Cartazes no bairro de Mea Shearim advertem que, as mulheres que não estiverem vestidas de modo recatado, não poderão entrar. Mesmo o uso de calças compridas é mal visto, por entrar na categoria de vestimentas não recatadas.

Por que os judeus ortodoxos não comem queijos se eles não forem aprovados especificamente como casher?
No processo de fabricação do queijo, um extrato de enzima do estômago dos mamíferos, o coalho, é usado na coagulação do leite. Mesmo se este coalho for obtido do estômago de um animal casher, os queijos feitos com ele não são considerados casher pelos judeus ortodoxos. Eles acreditam que nestes queijos, o leite e a carne se misturaram. Os judeus conservadores, em sua maioria, comem queijo feito com coalho. Eles acham que a natureza do coalho mudou completamente desde a sua extração e não pode mais ser considerado um produto de carne.

Por que a sepultura não é visitada durante o primeiro ano após o enterro?
A visitação do local da sepultura durante o primeiro ano é considerada psicologicamente indesejável. Os enlutados frequentemente sofrem sentimentos injustificados de culpa após a morte de um ente querido e criar o hábito de visitar a sepultura muito cedo, e com muita frequência, poderia aprofundar este sentimento. Embora não haja proibição às visitações durante o primeiro ano, os enlutados geralmente esperam até que uma lápide tenha sido erguida antes de começar a fazer visitas regulares ao túmulo.

Por que se emite um guêt quando o casal se divorcia?
Guêt é a palavra hebraica para ?documento de divórcio?. De acordo com certas autoridades, ele é derivado da palavra acadiana que significa ?mandado do tribunal?. Como o casamento judaico é realizado por meio de um contrato legal entre marido e esposa, ele só pode ser encerrado mediante a emissão de um mandado do tribunal anulando o contrato original.
Deve-se observar que o guêt não é um substituto para o divórcio civil. Os judeus reformistas acreditam que um divórcio civil é suficiente para casar novamente e abandonaram, portanto, a prática de emitir o guêt.

Por que a cerimônia de casamento é feita sob uma chupá?
A chupá é o dossel de casamento ? geralmente uma peça grande de material decorado (seda, cetim ou veludo) ? apoiada sobre quatro mastros firmes.
A origem da chupá tem sido explicada de diversas maneiras. Alguns creem que ela é um vestígio do antigo modo de vida do povo de Israel, que habitava em tendas. Foi assinalado que, mesmo hoje em dia, as tribos beduínas constróem uma tenda especial para o noivo e a noiva.
Alguns estudiosos consideram a chupá um símbolo da coroa de louros usada pelo noivo e pela noiva durante a cerimônia do casamento nos tempos talmúdicos. O significado original da palavra chupá é ?cobrir com coroas?.
Outras autoridades acreditam que a chupá é um lembrete do quarto que existia antigamente na casa do noivo, para onde a noiva era trazida ao final do período de noivado e onde o casal coabitava, consumando assim o casamento. Este aspecto da cerimônia, denominado yichud, era considerado essencial.
Durante a Idade Média, quando os casamentos eram efetuados na sinagoga, era costume erigir um tipo de chupá, que ainda se usa hoje em dia.

Por que os Dez Mandamentos não estão incluídos no livro de orações?
Na época do Segundo Templo, depois que os sacerdotes ofereciam o sacrifício matutino (inclusive no Shabat), eles se dirigiam para a área do Templo conhecida como a Sala das Pedras Talhadas. Lá, eles participavam de um serviço de orações, do qual fazia parte a leitura dos Dez Mandamentos.
Quando as orações do Templo foram incorporadas ao serviço da sinagoga (que acabou substituindo o Templo como instituição central da vida judaica), a recitação dos Dez Mandamentos foi omitida porque determinadas seitas (os samaritanos, em particular) enfatizavam em demasia a sua importância, reclamando que os Dez Mandamentos tinham sido dados a Moisés no Monte Sinai mas o resto da Torá não. Para não dar crédito a esta crença, nos tempos talmúdicos (Berachot 12a), os Dez Mandamentos passaram a não mais serem incluídos no livro de orações. Apesar disto, algumas congregações continuaram recitando-os.

Por que se fazem furos nas matsót?
São feitas perfurações imediatamente antes que a massa esticada seja posta dentro do forno. Elas permitem que o ar escape, retardando assim a fermentação. As perfurações também evitam que a massa suba ou fique inchada enquanto é cozinhada.
Nos tempos antigos, costumava-se fazer perfurações com desenhos artísticos, o que foi mais tarde proibido, porque isto demorava muito tempo, o que aumentava as chances de fermentação. Conforme a lei, o processo inteiro, desde o amassar até o cozinhar, deve ser feito em no máximo dezoito minutos, período durante o qual não chega a acontecer a fermentação. Atualmente, as matsót feitas à mão são perfuradas rapidamente com uma rodinha (denominado reidel). A máquina de fabricar matsót tem um perfurador automático que traça linhas separadas a cada meio centímetro.

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Livro Judaico dos Porquês 2

Por que os judeus são chamados de “Povo da Aliança"?

Um dos principais ensinamentos do judaísmo é o de que Deus selou um Pacto com o povo judeu. Em um acordo celebrado entre Deus e Abrahão, descrito em Gênesis 12:1-3, Deus disse: “E farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e engrandecerei teu nome... e serão benditas em ti todas as famílias da terra.”

Em Deuteronômio 29:9-15, Moisés ratifica a Aliança ao dirigir-se aos Filhos de Israel:

“Vós todos estais hoje presentes diante do Eterno, vosso Deus... para que entreis na Aliança... que o Eterno, teu Deus, faz hoje contigo, para que hoje te confirme para si por povo, e seja a ti por Deus, como te falou e como jurou a teus pais, a Abrahão, a Isaac e a Jacob. E não somente convosco eu faço esta Aliança... mas com aquele que, hoje, não está aqui conosco.”

Na tradição judaica, a Aliança é considerada como um laço permanente e indestrutível entre o passado e o presente. Todos os judeus estão incluídos porque todos procedem da “semente de Abrahão.” Desta forma, o povo judeu se transformou em semente sagrada (em hebraico, zéra códesh), o que o levou a ser chamado de “o Povo da Aliança.” Portanto, não importa se um indivíduo judeu é fiel observante da lei judaica; ao descender da semente de Abrahão, sua filiação ao povo judeu não pode ser negada.1



1. Ver capítulo 3 para uma elaboração mais ampla do conceito de Povo Eleito.



Por que, de acordo com a lei judaica, só a mãe determina se os descendentes são judeus?

O Talmud4 declara que o filho nascido de pai gentio e mãe judia é judeu. O Rashi respalda este critério.

Em apoio a esta norma, de que a descendência materna - e não a paterna - é a que conta para determinar se o filho é judeu ou não, os rabinos citam Deuteronômio 7:4: “Porque (o idólatra) desviará teu filho da minha posse, e servirão a deuses estranhos...” Neste versículo, segundo os rabinos, as palavras “teu filho” se referem claramente ao filho de uma mãe judia e, portanto, deve-se presumir que, em todas as épocas e em todos os casos, uma criança será judia se for o fruto do ventre de uma mãe judia.5

Uma segunda razão é que a mãe pode ser facilmente identificada no momento do parto, enquanto a identidade do pai não é totalmente segura. Portanto, a lei judaica estabelece que, se a mãe é judia, então a criança é judia, condição esta que passará de geração em geração até o fim dos tempos.6

No século XV, o talmudista Rabi Salomão ben Simon Duran, da Argélia, afirmou categoricamente que o filho de uma mãe judia e um pai gentio é judeu para sempre. Um século mais tarde, esta opinião foi codificada como lei.7



5. Kidushin 68b.

6. O rabino Shaye J.D. Cohen, em Conservative Judaism, verão de 1983, Vol. 36, nº 4, sustenta que o princípio da descendência materna foi estabelecido nos tempos de Esdras, século V a.e.c.

7. Shulchan Arúch, Even Haezer 4:5, 19.



Por que o episódio de Judas tem tons marcadamente antissemitas?

Conforme o Evangelho segundo Mateus, Judas Iscariote, um dos discípulos de Jesus, apontou para os representantes da comunidade judaica que o procuravam “para prendê-lo com malícia... e matá-lo” (Mateus 26:4). Por esta traição, Judas foi recompensado com trinta peças de prata, as quais, mais tarde, ao arrepender-se de seu ato, entregou ao tesouro do Templo. Os sacerdotes do Templo utilizaram este dinheiro para comprar um lugar para enterrar Jesus. Alguns especialistas em Bíblia afirmam que o excessivo destaque que a teologia cristã concedeu ao incidente de Judas através dos séculos faria parte de um esforço consciente para atribuir aos judeus a responsabilidade pela morte de Jesus. O nome Judas soa tão parecido com judeus, que quando os cristãos condenaram a Judas como o traidor de Jesus, conseguiram o efeito de condenar os judeus por igual.

Na linguagem comum, Judas se integrou como sinônimo de traidor, avarento, e de alguém disposto a vender sua alma por dinheiro. Intencional ou não, quando alguém escuta o nome Judas, costuma associá-lo aos judeus.



Por que a lei judaica não considera que o dogma cristão da Trindade seja idólatra?

A crença cristã na Santíssima Trindade - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - tem sido considerada pelos judeus de duas maneiras. Para alguns, como Maimônides (1135-1204), a adoração da Trindade é politeísmo. Ele qualificou os cristãos de pagãos e idólatras, de transgressores do preceito bíblico: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Maimônides, que nasceu na Espanha mas viveu a maior parte de sua vida em países dominados pelo Islã, considerou que só os judeus e os muçulmanos eram autênticos monoteístas.10

Outros eruditos, como o francês Rabênu Tam (1110-1171), o neto do Rashi, que viveu toda sua vida na Europa cristã, aceitaram o conceito dos teólogos cristãos que afirmavam que a Trindade era consistente com a ideia de um só Deus.

Para estes teólogos, os três integrantes da Trindade formavam parte de um só Deus; não eram deuses individuais. Assim como os raios de uma roda não são rodas individuais, e sim, integram a roda, os três personagens da Trindade não são deuses, mas integram um só Deus.11



10. Ovadia Iossef, o ex-Grão-Rabino sefaradita de Israel, em seu livro de responsa Iechavê Daat IV:45, continua seguindo a opinião de Maimônides, apesar de quase todas as autoridades judaicas serem muito mais liberais em sua concepção sobre a trindade cristã. Ver Shulchan Arúch, Orach Chayim 156 e Iorê Deá 148:12. Ver também Jewish Mystical Testimonies, do Rabino Louis Jacobs, págs. 58 e 72, onde aparece uma atitude liberal semelhante, expressa por Abraham Abulafia, um místico do século XIII, que faz referência ao que está escrito no Talmud em Chulín 13b, que afirma que “não existem minim (min é um judeu ou não judeu que adora ídolos) entre os gentios.. Os gentios da Terra de Israel não são idólatras. Só prosseguem com os costumes de seus ancestrais (e sua maneira de render culto não deve ser considerada prova de que, na realidade, eles acreditem no que praticam)”. O contemporâneo de Abulafia, Meir de Rothenburg, tinha um ponto de vista semelhante. Ver Rabbi Meir of Rothenburg, de Irving Agus, pág. 245.

11. Em seus comentários talmúdicos (San’hedrin 63b e Berachót 2b), o Rabênu Tam defende a tese de que, quando os cristãos fazem o juramento em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sua intenção é jurar somente por Deus. (A associação de Filho e Espírito Santo a Deus (o Pai) é chamada shituf, (“associação”, em hebraico). Os cristãos – afirma o Rabênu Tam – não estão obrigados a seguir o pacto que proíbe aos judeus acrescentar personagens à natureza Divina. Eles só estão obrigados a seguir as sete leis de Noé, nenhuma das quais proíbe o shituf.



Por que o apoio judaico à caridade e beneficência não judaicas é consistente com a tradição judaica?

No Talmud, atribui-se grande importância ao fato de, na Bíblia, aparecer 36 vezes o preceito de amar e ser amável com o estrangeiro. Com frequência, este preceito é complementado pela frase “porque estrangeiro foste na terra do Egito”(Deuteronômio 10:19). Estas palavras, segundo os rabinos, ressaltam a importância de ter em conta o que significa não ser amado ou ser desprezado. Os rabinos enfatizaram cuidadosamente a consideração extra que se deve conceder ao órfão e à viúva.

A atenção a todos os necessitados tornou-se parte integrante da vida judaica. Os judeus devem ser caridosos e gentis, decentes e justos. Os conceitos de caridade e justiça estavam tão entrelaçados, que a palavra hebraica para justiça - tsedacá - tornou-se sinônimo de caridade.

A exigência de que os judeus atendam aos necessitados, sejam eles judeus ou não judeus, foi assim expressa pelo Talmud: “Nossos Rabinos ensinaram: Devemos sustentar aos pobres entre os gentios, assim como sustentamos os pobres de Israel; visitar os doentes entre os gentios, assim como visitamos os doentes de Israel; proporcionar um enterro digno aos gentios, assim como enterramos os mortos de Israel - tudo em nome da paz.’’ 7



7. Guitín 61a. Alguns comentaristas notam que isto não implica em que seja permitido que os gentios sejam enterrados no mesmo cemitério que os judeus. Ver observação na tradução da Soncino Press sobre o texto em questão.



Por que a lei judaica proíbe os casamentos mistos?

A lei que proíbe aos judeus casar-se com um não judeu é de origem bíblica. Em Deuteronômio 7:3 ela é exposta com clareza: “E não te aparentarás com elas: tua filha não darás a seu filho, e sua filha não tomarás para teu filho.” O motivo que a Bíblia dá é que os israelitas não fossem influenciados a cultuar os ídolos das sete nações pagãs cujas terras estavam a ponto de invadir e conquistar (Deuteronômio 7:1). A lei pretendia evitar o enfraquecimento do recém-desenvolvido conceito de monoteísmo introduzido por Moisés e a unidade do povo judeu recentemente recuperada.

No Talmud foi reforçada a proibição contra casamentos mistos ao evitar-se atividades sociais entre judeus e não judeus para que tais atividades não levassem aos casamentos mistos.7 E apesar de, na era pós talmúdica (do começo da Idade Média em diante), os cristãos e os muçulmanos não serem mais considerados idólatras,8 as leis proibindo casamentos mistos continuaram em vigor de modo a preservar a integridade e unidade da comunidade judaica.



7. San’hedrin 82.



Por que, ao contrário do que ocorre com o cristianismo clássico, o judaísmo nunca definiu a atividade sexual como pecaminosa?

Até há não muito tempo, o mundo ocidental, por influência do cristianismo, considerava o sexo e o pecado como palavras praticamente sinônimas. Ao longo dos séculos, os eruditos cristãos, baseando-se nos ensinamentos do Novo Testamento (I Coríntios 7:19), têm considerado o sexo como uma concessão à fraqueza humana, e o casamento como um “mal” necessário para a propagação da espécie humana. Pensavam que o celibato era o estado ideal. Gálatas (5:24) considera que o corpo é um recipiente depositário de “paixões e desejos”, e Paulo é da mesma opinião, quando escreve na Epístola aos Romanos (7:24-25): “Pobre de mim! Quem me livrará deste corpo de morte?... Com a mente sirvo a Deus, mas com a carne, à lei do pecado.”

Na tradição judaica, o sexo não é considerado pecaminoso. Gênesis (1:28) enfatiza o dever de “crescer e multiplicar-se” como um mandamento positivo. O ser humano é obrigado a propagar a espécie. Isaías (45:18) ensinou, mais tarde, que “Deus formou a terra para que seja povoada.”

Os rabinos do Talmud foram ainda mais longe. Eles declaram que, além da propagação da espécie, o sexo deve ser prazeroso.2 Um ser humano é obrigado a satisfazer as necessidades sexuais da esposa (denominadas ona, na Bíblia, em Êxodo 21:10), e isto deve ser feito com respeito e consideração.3 Negar o prazer do sexo à esposa é motivo para obrigar o homem a conceder o divórcio. Maimônides entra em detalhes, enfatizando que, assim como o homem não deve negar a satisfação sexual à mulher, a mulher não deve se negar a ter relações sexuais com seu marido.4



2. Ketubot 14a.

3. Ibid. 62b e Pessachim 49b.

4. Mishnê Torá, Ishut 15:1.